Ainda lembro de muitas coisas da minha infância, e uma delas foi quando comecei a estudar a língua portuguesa. Eu acreditei, que ao compreender as sílabas tônicas, saberia tudo que era necessário, e qual não foi a minha surpresa que a seguir vieram ditongos, hiatos, preposições, artigos, pronomes e conjugações verbais.
Foi neste momento que eu, erroneamente, criei uma aversão pelo português.
Fazendo uma analogia sem ser piegas, foi como se eu encontrasse uma bela menina e ao mesmo tempo surgissem tantas barreiras que me impedissem de aproximar e admirar sua beleza.
E então, fiz o que não devia ter feito, eu me afastei.
Mas o destino é inexorável, eu a encontrei anos depois, e agora mais maduro, pude compreender a sua beleza, e me apaixonar.
A Origem
A língua portuguesa originou do latim, e sua evolução foi determinada em cinco períodos:
- Pré-românico: surgiu do latim vulgar, levado pelas legiões romandas em suas conquistas para a expansão do Império Romano.
- Românico: A partir do século V, surgem vários dialetos a partir do latim, que aos poucos vão se sobrepondo a este, dando origem ao francês, espanhol, italiano, sardo, provençal, rético, franco-provençal, dálmata e romeno. A língua portuguesa surgiria no século XIII.
- Galego-português: Idioma que se originou na Galiza, atual Espanha, e nas regiões portuguesas do Douro e Minho.
- Português Arcaico: Idioma utilizado do século XIII até o século XVI. Durante esse período surgem os primeiros ensaios e estudos gramaticais da língua portuguesa.
- Português Moderno: Idioma atual do Brasil e dos países lusófonos.
Atualmente a língua portuguesa é o oitavo idioma mais falado do planeta, adotada por mais de 230 milhões de pessoas, está presente em quatro continentes e é uma das línguas oficiais da União Europeia.
Só a Língua Portuguesa Propicia
A palavra “saudade” só existe em português?
Não, ela não é particularidade da língua portuguesa. Como é derivado do latim, existe em outras línguas românicas. O espanhol possui soledad, o catalão soledat, mas seu sentido é diferente, por estar associado a "nostalgia de casa", a vontade de voltar ao lar.
Em português, esse termo foi ampliado a situações que não significam somente a solidão sentida pela falta do lar.
Fonte: Revista Língua Portuguesa
O trabalho do Escritor
Li uma vez um texto interessante do Ken Follet, o renomado escritor britânico de tantos Best Sellers, como A Chave para Rebeca, O Buraco na Agulha, Os Pilares da Terra e tantos outros. Ele faz a seguinte reflexão: “Um escritor não precisa ser um professor de língua portuguesa, mas ele precisa conhecer a língua que escreve, caso contrário seus textos serão imprecisos e superficiais”.
Foi a partir de afirmações como esta que compreendi que um bom livro não é fruto apenas de um texto escrito sem erros, mas a união de uma história escrita por alguém que conhece o idioma que está escrevendo. E esse desafio é repassado para um tradutor, que precisa conhecer os nuances da língua que o livro foi escrito assim como para a língua que será traduzido.
Curiosidades
Sempre me surpreendo ao perceber que, ao ler um texto que escrevi e revisei várias vezes, ainda posso melhorá-lo. Talvez seja por isso que muitos autores de sucesso não costumam ler seus trabalhos publicados.
Para mim a explicação é simples: somos orgânicos, estamos em constantes mudança, queiramos ou não. Por exemplo, se escrevo um ótimo texto quando estou alegre, tempos depois ele pode se tornar mais sombrio, se eu revisá-lo quando estiver triste.
Por isso uso uma das frases do navegador Amyr Kink como uma espécie de mantra: “Se ficar num perfeccionismo obsessivo, você nunca irá terminar”.
Concordo com ele, escrevo com muita atenção, pesquisando, estudando, escrevendo e revisando. Mas chega um momento que o livro é igual ao um barco, ele não foi construído para ficar em segurança em um cais. Ele foi feito para viajar, para navegar.
É dessa maneira que vejo minhas histórias, feitas para viajar e escritas com muito orgulho na língua portuguesa.
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